O subtítulo desse texto pode ser : A influencia do plano horizontal no plano frontal do joelho.
A ROTAÇÃO AUTOMÁTICA DO JOELHO
A aparente flexo-extensão do joelho não ocorre como o movimento de uma dobradiça. Esta ocorre com dois segmentos realizando um movimento rotatório em torno de um eixo fixo. O joelho sofre um movimento de rotação de uma superfície articular em relação à outra enquanto ocorre a flexão ou a extensão.
A figura ao lado, inspirada no trabalho de Roud, citado por Kapandji, demonstra que a partir da posição em pé para a posição sentada com tíbias imóveis os côndilos femorais giram externamente em relação ao platô tibial que permanece imóvel (ao final o platô tibial fica em posição de giro interno relativo).
Podemos imaginar que se a mesma pessoa em pé mantiver o fêmur fixo e levar o pé para trás flexionando a articulação do joelho o platô tibial girará internamente em relação ao côndilo femoral que permanecerá imóvel e ficará em posição de giro externo relativo.
É fácil constatarmos esse fato:
Se observarmos uma pessoa em pé com ambos os joelhos em extensão a tendência é que as pontas dos pés mantenham-se giradas para fora. Se esta pessoa sentar-se sobre os calcanhares elas giram para dento. Como não há movimento de rotação na articulação tibiotársica, podemos afirmar que da extensão total para a flexão total a tíbia gira internamente enquanto os côndilos femorais permanecem em rotação externa em relação ao platô tibial. Para voltar à posição em pé haverá uma rotação contrária.
Assim, essa rotação será:
Para a extensão: rotação externa da tíbia e interna do fêmur.
Para a flexão: rotação interna da tíbia e externa do fêmur.
Essa rotação se estabelece durante o movimento de flexo-extensão por tensão ligamentar. Independe da ação muscular, por isso é denominada rotação automática. As tensões ligamentares, muito especialmente as dos ligamentos cruzados, levam a esse fenômeno.
Ao ficarmos em pé é como se os côndilos femorais se “rosqueassem” sobre os platôs tibiais, estabilizando a posição ortostática do joelho. Para voltar a flexionar essa articulação no início do passo é necessário “desrosquear“ em sentido oposto.
POSIÇÃO ORTOSTÁTICA NO PLANO SAGITAL
Na posição ortostática um joelho normal ultrapassa ligeiramente zero graus e situa-se a 5º ou 6º negativos. Isso permite ao quadríceps relaxar, a posição é garantida pela capsula e ligamentos articulares. Esse joelho normal observado no plano frontal apresenta os côndilos e maléolos internos em contato. Vejamos como esse valgo é calculado.
VALGO NORMAL DE JOELHO
Para diminuir a base de sustentação e conseguir um passo com menor deslocamento do tronco no espaço ao caminhar o homem precisa diminuir sua base de sustentação. Para isso há uma aproximação dos côndilos femorais o que determina certo grau de valgismo de joelho, que deve ser calculado como nessa figura.
O eixo médio da diáfise femoral forma com o eixo médio da diáfise tibial um ângulo
Considera-se normal quando esse for cerca de 6º. Nessa circunstância os côndilos femorais internos se tocam e os maléolos internos também.
JOELHOS EM RECURVATUM
Quando a extensão do joelho for além de 6º negativos considera-se que está em hiperextensão ou em recurvatum.
Mas durante essa hiperextensão continua ocorrendo uma rotação automática – côndilos femorais giram internamente e tíbia externamente. Assim, o ápice da convexidade de cada côndilo deixa de se tocar: ao recuar afastam-se.
Podemos dizer então que a hiperextensão é varizante. Um joelho aparentemente varo em hiperextensão ao ser trazido para uma extensão normal na posição ortostática pode apresentar-se normal ou até valgo como se pode ver no vídeo a seguir.
De 30 de março a 02 de abril realizei a 3ª semana do Projeto Convergências em LondrinaOs temas foram: Membros superiores e Membros inferioresNas próximas semanas publicarei alguns momentos desse seminário através de vídeos informalmente realizados pelas alunas que gentilmente permitiram que fossem compartilhados nesse espaço.O primeiro é uma análise da influência da hiperextensão do joelho no varo ou explicação do falso varo.
Posted by Angela Santos – Projeto Convergências on Monday, April 3, 2017
Muito bom professora! Dicas preciosas!
Obrigada Nilton.
Saudade, tudo bem por aí?