IIICBE: GUIDELINES DA SOSORT

III CONGRESSO BRASILEIRO DE ESCOLIOSE

 

Palestra de Cláudia Seabra

Fisioterapeuta com formação SEAS 1 e 2 / Membro da Sociedade Brasileira de Escoliose

SOSORT é a Sociedade Científica Internacional sobre Tratamento Ortopédico e de Reabilitação da Escoliose. Seu último Gide line saiu em 2016.

 

O que é 

SOSORT = Sociedade internacional de tratamento e reabilitação da escoliose

 Objetivo: Difundir novas descobertas científicas que possibilitem sua rápida utilização no tratamento clínico conservador da escoliose.

 Definição de Escoliose Idiopática:

– Trata-se de uma afecção complexa que leva a alterações da forma e posição da coluna vertebral, tórax e tronco.

– Vários fatores fazem com que sua progressão ocorra durante qualquer período de rápido crescimento.

– Quase sempre é uma deformidade única

– A SRS (Scoliosis Research Society) considera um diagnóstico positivo quando o ângulo de Cobb for de 10º ou mais e que a rotação, que é máxima na vértebra ápice, possa ser reconhecida. Porém, uma escoliose estrutural pode ser reconhecida em uma curva menor que 10º (e ela tem um potencial de progressão). A progressão é mais comum em meninas durante o estirão de crescimento da adolescência.

Epidemiologia:

– 80% são idiopáticas

– 2 a 3 % da população é atingida, sendo que há suspeitas de que a incidência muda de acordo com a latitude.

– 10% dos casos requerem tratamento conservador. 0,1 a 0,3% requerem tratamento cirúrgico.

– Mais frequente no sexo feminino

– Curvas de 30 a 50 graus representam risco de mais problemas de saúde na vida adulta.

Etiologia

– Até hoje é desconhecida

– Pela incidência muito comum familiar, parece relacionar-se a fatores genéticos. Fala-se em um distúrbio hereditário da estrutura e função do receptor de estrogênio.

– Parece ser uma síndrome de etiologia multifatorial.

História Natural

– Pode evoluir a qualquer momento durante infância e adolescência, mas normalmente durante períodos de estirão de crescimento:

– de 06 a 24 meses

– de 05 a 08 anos

– Na puberdade durante o mais importante estirão de crescimento entre 11 e 14 anos

– Na idade adulta também pode evoluir como resultado de deformidades ósseas degenerativas, em especial nas escolioses mais severas com mais de 50º, sendo que o risco de progressão é maior em curvas acima de 30º. Escolioses abaixo deste limite são mais estáveis na vida adulta.

Classificações

CRONOLÓGICA

(idade do diagnóstico)

Angulação

(Cobb)

Topografia

(ápice)

Infantil               0 – 2 anos Baixa                          até 20º Cervical       do disco até C6
Juvenil                3 – 9 anos Moderada             21º – 35º

Moderada/grave 36º – 40º

Cérvico-torácica  C7-T1
Adolescente     10 – 17 anos Forte                    41º – 50º Torácica                T2-T11
Adulto                 + 18 anos Grave/muito grave51º -55º Tóraco-lombar      T12- L1
Muito severa              + 54º Lombar      do disco até L2

 

Objetivos básicos do tratamento conservador

Interromper a progressão da curva na puberdade (ou até reduzi-la)

Prevenir ou tratar a disfunção respiratória

Prevenir ou tratar a dor na coluna

Melhorar a estética através da correção postural

Objetivos fundamentais durante o crescimento

Evitar cirurgia

Melhorar a estética

Melhorar a qualidade de vida

Objetivos radiográficos

Grau da curva Objetivo primário Objetivo secundário
Baixo Permanecer abaixo de 20º Permanecer abaixo de 45º
Moderado Permanecer abaixo de 30º Permanecer abaixo de 45º
Forte Permanecer abaixo de 45º Adiar a cirurgia

Indicação cirúrgica – acima de 45º

Tipos de tratamento

Dependendo do grau de curva acima descritos (baixo moderado e forte) há um design de tratamento que se impõe. Isto é, quando e quanto se utiliza uma órtese (colete), quando a indicação de exercícios fisioterápicos específicos para escoliose deve ser recomendada.

Baixo min. Baixo max. Moderado min. Moderado max. Forte min Forte max.
Infantil OBS. 3 OBS.3 OBS.3 TTRB TTRB SU
Juvenil OBS.3 PSSE PSSE FTRB HTRB SU

 

OBS.3 – Observação a cada 3 meses

PSSE  – Exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose

TTRB – órtese rígida de tempo integral

FTRB – órtese rígida em tempo integral ou colete gessado 20 a 24 horas

HHTRB – órtese rígida de meio período

SU – cirurgia

 

Na adolescência, a classificação de grau baixo moderado ou forte vai se pautar pelo Risser presente.

Adolescente Baixo min. Baixo max. Moderado min. Moderado max. Forte min. Forte max.
Risser 0 OBS 6 SSB HTRB FTRB TTRB Su
Risser 1 OBS 6 SSB PSSE FTRB FTRB Su
Risser 2 OBS 6 SSB PSSE FTRB FTRB Su
Risser 3 OBS 6 SSB PSSE FTRB FTRB Su
Risser 4 OBS 12 SIR PSSE FTRB OBS6 Su

 

OBS.6 / OBS 12  – Observação a cada 6 ou 12  meses

SSB – aparelho flexível para escoliose

SIR – Reabilitação especial de pacientes internados

PSSE  – Exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose

TTRB – órtese rígida de tempo integral

FTRB – órtese rígida em tempo integral ou colete gessado 20 a 24 horas

HHTRB – órtese rígida de meio período

SU – cirurgia

 

Baixo min. Baixo max. Moderado min. Moderado max. Forte min. Forte max.
Adulto até 25 nada PSSE OBS12 SIR OBS6 Su
Adulto +25 sem dor Nada PSSE PSSE SIR OBS12 HTRB
com dor PSSE SSB PSSE HTRB PSSE Su
idoso Sem dor Nada PSSE OBS 36 PSSE OBS 12 HTRB
Com dor PSSE SSB PSSE HTRB PSSE Su
Descompensação

Tronco

OBS 6 SSB PSSE PTRB PSSE Su

 

Exercícios específicos para escoliose (PSSE)

Incluem todas as formas de fisioterapia ambulatorial com evidências de bons resultados sobre a escoliose.

Frequência: 2 a 7 vezes por semana, dependendo da complexidade das técnicas, motivação e capacidade do paciente para realizar o tratamento.

Os exercícios devem ser capazes de promover correções nas três dimensões do espaço. A posição de correção deve ser treinada em atividades da vida diária. Deve-se conseguir estabilizar a posição de correção da curva.

Reabilitação especial para pacientes internados (SRI)

Em caso de pacientes mais graves, os exercícios específicos para escoliose (PSSE) são treinados intensivamente durante um período de internação (3 a 6 semanas) em um centro de saúde especializado várias horas por dia.

Colete – frequência de uso

– Órtese rígida noturna – 8 a 12 h por dia (NTRB): a órtese é usada especialmente na cama

Soft bracing (SB) – órtese flexível. Por exemplo a SpineCor

Part time rigid bracing – 12 a 20 horas por dia (PTRB): a órtese rígida é usada principalmente fora da escola e na cama

– Órtese rígida em tempo integral – 20-24 h por dia  (TTRB) ou colete de gesso (FTFB) ambos recursos rígidos utilizados o tempo todo, na escola, em casa, na cama…

– Colete de gesso – é utilizado em especial nas escolioses infantis. Algumas escolas de tratamento o utiliza como um primeiro estágio antes de utilizar a órtese rígida que pode ser retirada ao menos para higiene.

Resultados da utilização das órteses

O bom ou mau resultado dependem de algumas veriáveis:

Dosagem

Tipo de escoliose

Distribuição geográfica

Trabalho em equipe

Uso inadequado pode fazer a deformidade entrar em colapso

Uso do colete em tempo integral gera menos encaminhamento para cirurgias

Indicação das órteses

As órteses são indicadas em princípio para pacientes com curvas acima de 25º durante a fase de crescimento e deve ser trocada na medida em que a criança cresce ou perde sua eficiência.

Atividades esportivas

Auxiliam social e psicologicamente, melhora a auto-estima. No entanto deve ficar claro que atividade esportiva não é tratamento, não substitui os exercícios específicos para escoliose. Elas relacionam-se à melhora da condição física e bem estar geral, como para qualquer outro indivíduo. Os exercícios específicos para escoliose agem especificamente sobre a deformidade, controle postural e deficiências funcionais relacionados à escoliose.

Avaliação

É importante levantar a história familiar e pessoal assim como o exame médico. O teste de Adams é dos mais importantes testes clínicos. O escoliometro é um dispositivo que consegue dar um valor objetivo ao ângulo de rotação da vértebra evidenciada no teste de Adams. No raio X frontal o torciometro de Perdriolle também pode avaliar com precisão o grau de torção da vértebra.

Raio X

Deve ser pedido a cada 6 a 12 meses.

No caso da necessidade de aparelhamento é necessário realizar um raio X antero-posterior após cada nova órtese, apenas para controle.

No Raio X frontal é interessante medir-se o ângulo costela-vértebra para distinguir entre melhora ou piora da escoliose

Também é no Raio X que se controla o Risser, que é um sinal importante para que se tenha noção do grau de ossificação e, portanto, do potencial de crescimento.

A menarca também é um sinal importante a ser considerado. Após a primeira menstruação o crescimento será mais lento e menor que antes.

A análise das características sexuais secundárias segundo Tanner (tamanho de seios, testículos, aparecimento de pelos pubianos, etc) também são citadas para se avaliar o grau de evolução do crescimento.

Conclusão

As guide lines da SOSORTE têm, então, o objetivo de nos dar uma visão geral dos princípios consagrados cientificamente até aqui. Deixa evidente a necessidade de muita pesquisa e que há necessidade urgente de padronização dos métodos de pesquisa da eficácia do tratamento conservador.

 

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