FUNÇÃO DO ORGÃO TENDINOSO DE GOLGI E SEU EFEITO NA MUSCULATURA PARAVERTEBRAL QUANDO DA UTILIZAÇÃO DO ROLO DE ESPUMA

ANATOMIA:

Apesar do nome o Órgão Tendinoso de Golgi situa-se em geral na transição entre o tendão e a fibra muscular. É constituido por uma capsula de tecido conjuntivo em forma de funil que encerra certo numero de fios colagenosos. Os fios colagenosos derivam cada um de uma fibra muscular, de 10 a 20, que podem vir de diferentes unidades motoras. Penetram no funil e ao sair pelo outro lado são contínuas ao tendão principal. Alguns desses fios se entrelaçam e nesse entrelaçamento existe uma fibra nervosa aferente de grande diâmetro (tipo Ib), de forma que essa fibra nervosa não inerva todo fascículo dentro do OTG. Assim, a contração das fibras musculares que fazem parte do fascículo inervado pode produzir boa resposta do terminal. Contração das outras que não fazem parte dos fascículos inervados, podem produzir resposta alguma ou diminuir a força exercida sobre os fascículos inervados.

EXCITAÇÃO DO OTG:

Acredita-se que o estímulo efetivo sobre os OTG seja a deformação mecânica. Existem diferentes tamanhos de OTG. Quanto mais rígidos os OTG mais difícil deformar os terminais internos e mais alto o limiar. Essa deformação ocorre quando órgão é estirado. Esse estiramento pode ocorrer de duas formas:

  1. Se o conjunto músculo-tendíneo for estirado por uma força externa (alongamento muscular passivo) a fibra nervosa Ib pode disparar , mas em baixa intensidade. Quando há uma contração da fibra muscular, voluntária ou por reflexo miotático, os terminais sensoriais, intimamente aplicados contra as fibras colagenosas estiradas, são pressionados e disparam intensamente
  2. Quando uma força é aplicada sobreo o OTG as fibras colagenosas podem ser estiradas e se juntam comprimindo os terminais nervosos dentro delas. Apertar os terminais nervosos pode por isso ser uma forma de estimulo para o nervo aferente(1).

GOLGI EM AÇÃO:

Quando a fibra nervosa aferente Ib é estimulada e sua informação chega à medula esta é encaminhada a três diferentes pequenos neurônios (interneurônios). O primeiro interneurônio é  inibidor, entra em contato com um neurônio longo eferente que destina-se a algumas fibras (unidade motora) do mesmo músculo e as desativa. O segundo interneuronio, também inibidor, forma uma sinapse com um neuronio eferente que se destina a fibras musculares do músculo sinergista e e as desativa. O terceiro interneurônio é excitador e  faz sinapse com um neuronio que se destina a algumas fibras musculares do músculo antagonista fazendo-as contrairem.

Como os músculos extensores são antigravitários, estão em constante atividade sempre que o tronco encontra-se na posição vertical. Assim, é de se supor que a atividade dos terminais Ib (que inervam o OTG) seja mais intensa nesse grupo muscular. Laporte e Loyd investigaram,a distribuição desta atividade e descobriam ser particularmente poderosa a partir das fibras Ib dos músculos extensores (2).

EFEITO DO APOIO DOS PARAVERTEBRAIS SOBRE O ROLO DE ESPUMA:

Depois de uns quinze minutos de trabalho em decúbito sobre o rolo (alongando peitoraise isquiotibiais, estimulando a contração abdominal através do equilíbrio sem apoio dos pés, apenas com apoio intermitente das mãos), a sensação que os clientes descrevem é quase sempre a mesma: “parece  que o chão se abriu para acomodar as costas”, “parece que a lordose desapareceu”, “parece que um grande peso foi tirado das costas”. Enfim, sempre sensações de diminuição de tônus, de relaxamento.

Se reunirmos desse estudo da fisiologia dos OTGs a afirmação de Rothwell de que  “Apertar os terminais nervosos pode ser uma forma de estimulo para o nervo aferente(1) e a de Laporte e Loyd(2) de que a distribuição dos efeitos dos terminais Ib são mais intensos e poderosos nos músculos extensores, podemos supor que o apoio sobre os músculos paravertebrais comprimidos entre as vértebras e costelas de um lado  e o rolo do outro, provoca uma compressão de uma quantidade imensa de OTGs que são, dessa forma, enganados, isto é, apesar de não ter havido contração do corpo muscular que lhes corresponde, eles “entendem” que devem mandar estímulos à medula, que por sua vez  toma providencias para desativar uma série de fibras musculares do músculo de onde partiu o estímulo, resultando em uma diminuição intensa do tônus muscular local.

 

(1)Control of Human Voluntary Movement  John Rothwell                                                        2nd edition 1994 Chapman and Hall

(2)Laporte, Y. e Lloyd, D.P.C. (1952) Nature and significance of the reflex connections established by large afferent fibers or muscular origins, AmJ.Physiol. 169, 609-621

 

3 comentários sobre “FUNÇÃO DO ORGÃO TENDINOSO DE GOLGI E SEU EFEITO NA MUSCULATURA PARAVERTEBRAL QUANDO DA UTILIZAÇÃO DO ROLO DE ESPUMA

  1. Maravilha, Angela! Obrigada por compartilhar seu conhecimento.
    Muito bom acompanhar seu raciocínio na tentativa de revelar os processos fisiológicos desencadeados pelos procedimentos que utilizamos na nossa prática terapêutica.
    Abração!

  2. Poderia postar um vídeo (link) exemplificando como fazer esse relaxamento citado abaixo?

    EFEITO DO APOIO DOS PARAVERTEBRAIS SOBRE O ROLO DE ESPUMA:

    Depois de uns quinze minutos de trabalho em decúbito sobre o rolo (alongando peitoraise isquiotibiais, estimulando a contração abdominal através do equilíbrio sem apoio dos pés, apenas com apoio intermitente das mãos), a sensação que os clientes descrevem é quase sempre a mesma: “parece que o chão se abriu para acomodar as costas”, “parece que a lordose desapareceu”, “parece que um grande peso foi tirado das costas”. Enfim, sempre sensações de diminuição de tônus, de relaxamento.

  3. Poderia postar um vídeo (link) exemplificando como fazer esse relaxamento citado abaixo? Poderia me notificar por e-mail, caso a senhora me responda?

    EFEITO DO APOIO DOS PARAVERTEBRAIS SOBRE O ROLO DE ESPUMA:

    Depois de uns quinze minutos de trabalho em decúbito sobre o rolo (alongando peitoraise isquiotibiais, estimulando a contração abdominal através do equilíbrio sem apoio dos pés, apenas com apoio intermitente das mãos), a sensação que os clientes descrevem é quase sempre a mesma: “parece que o chão se abriu para acomodar as costas”, “parece que a lordose desapareceu”, “parece que um grande peso foi tirado das costas”. Enfim, sempre sensações de diminuição de tônus, de relaxamento.

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