ANOTAÇÕES BASEADAS NA LEITURA DE “KINETIC CONTROL– The Management of uncontrolled movement” DE MARK COMERFORD E SARAH MOTTRAM
DISFUNÇÃO
Disfunção é uma anomalia do sistema motor. Pode ser medida objetivamente, quantificada e comparada com um padrão de normalidade. Tais alterações podem ser observadas em amplitudes de movimento, desempenho muscular, controle motor, massa muscular, alinhamento (análise da postura), etc. Podem, então, ser detectadas por avaliações de amplitude articular, força muscular, velocidade de movimento, alinhamento postural, etc.
Para cada avaliação, um padrão de normalidade deve ser determinado e frente a ele a disfunção ser quantificada.
Uma terapia só pode ser considerada eficaz se houver uma medida da disfunção realizada antes e depois de sua aplicação. Essa é a base da “terapêutica baseada em evidências”. , prévia e pós
Redução da disfunção é o primeiro objetivo de curto prazo da terapia, embora com frequência o paciente esteja livre do sintoma antes que a disfunção seja corrigida. Assim, o tratamento não deveria terminar só porque os sintomas desapareceram, mas deveria continuar até que não houvesse mais disfunções mensuráveis.
INCAPACIDADE
Incapacidade é a dificuldade para a realização de uma atividade. Atividades da vida diária, de lazer, profissionais, esportivas. Ela pode estar relacionada a problemas de saúde, envelhecimento, esforços repetitivos profissionais ou esportivos, etc
Por exemplo, se houver a perda do encaixe escapular (Comerford e Mottram o denominam báscula posterior) e excesso de báscula externa da escápula (Comerford e Mottram a denominam rotação superior), o indivíduo só conseguirá elevar o membro superior acima da horizontal graças à elevação do ombro e avanço do hemitórax. Esse movimento anômalo seria uma incapacidade gerada por disfunções do movimento da escápula (perda do encaixe e da báscula externa adequada).
Reduzir incapacidade é o primeiro objetivo de longo prazo da terapia ou da reabilitação.
Lembrar que incapacidade é individual. O que é incapacidade para um, pode ser uma função excepcional para outro. A incapacidade de um atleta de elite pode ser uma função que a maioria das pessoas não pode, não quer ou precisa realizar.
Por outro lado, a disfunção de movimento pode ser tolerável de inicio, agravar-se se não for corrigida, chegar a afetar a habilidade de um individuo funcionar independentemente e por essa razão reduzir sua qualidade de vida.
Muito claros os apontamentos. Obrigada Ângela por compartilhar teus estudos e tua prática conosco.
Fico apenas em dúvida no que diz respeito ao alinhamento postural. Me parece que analisar este aspecto isoladamente não pode nos dizer muito sobre disfunção ou incapacidade. Seria necessário um número maior de informações, principalmente no que diz respeito ao movimento. É por aí?
Precisamente Silvia, é isso aí.
Analisar o alinhamento postural com inspiração no clássico fio de prumo, procurando associar os achados de cada segmento, nos dá uma visão geral bastante interessante. Só com ela já dá pra montar um bom programa de fisioterapia, mas quando nos aproximamos do final do tratamento, apenas uma avaliação funcional é capaz de mostrar se a função foi restabelecida e avaliação funcional quer dizer avaliação do corpo em movimento. Daí a importância das pesquisas que estamos acompanhado nesses ultimos anos que propõe avaliar movimentos básicos e, em caso de discinesias, não dissociação, etc, procurar caminhos corretivos. Essa avaliação funcional é o que poderia estabelecer o traço de união definitivo entre nossos trabalhos – fisioterapia e educação fisica. Seria fundamental para a finalização do tratamento por um lado e estabelecimento de programa de treinamento fisico por outro.
beijo