MATERIAIS UTILIZADOS EM FISIOTERAPIA ESTÁTICA: TATU DE ESPUMA

O TATU DE ESPUMA

Silvie Böe, fisioterapeuta francesa, desenvolveu um trabalho corporal dinâmico original baseado especialmente na Coordenação Motora de Piret e Béziers. Muito criativa, agregava com muita competência novas ideias e materiais.

Em 1991 foi convidada por Angela Beatriz Varella e por mim a realizar uma semana de vivências corporais em São Paulo. Nessa ocasião trouxe uma enorme quantidade de bolas de Rugby de espuma. Cortadas ao meio com uma faca elétrica ficavam achatadas de um lado e arredondadas do outro, com uma forma precisa para acomodar uma lordose, fosse lombar ou cervical, ou apoiar diferentes regiões do corpo para ajudar na propriocepção de movimentos sutis ou relaxamento de regiões retraídas. Esse material foi utilizado em inúmeros movimentos de suas vivências. Ao final, distribuímos tudo entre as participantes.

No ano seguinte nós a convidamos novamente. As tais bolas cortadas já haviam sido bastante divulgadas e muita gente queria mais. Pedimos que ela trouxesse o que conseguisse. Mas, como naquele momento era inverno no hemisfério norte, foi impossível encontra-las. Só eram vendidas no verão nas lojas de brinquedos para jogos ao ar livre. Pesquisei em algumas lojas de venda de material para estofadores se era possível reproduzir aquela forma a partir de um bloco de espuma. Impossível. Era trabalho artesanal para um escultor.

Débora Beckener de Londrina, que havia participado do encontro no ano anterior, conseguiu uma solução. Entrou em contato com uma indústria em Diadema que trabalhava com espuma expandida para as montadoras automobilísticas. Disseram que era possível reproduzir em espuma qualquer forma que quiséssemos a um custo relativamente baixo. O problema era fazer um molde que, este sim, tinha um custo elevado.

Fiz meus cálculos e conclui que se cada uma das cerca de quarenta colegas inscritas para o seminário daquele ano comprassem trinta unidades a um determinado preço eu conseguiria pagar o molde e, em consequência, o material para o seminário. Entrei em contato com todas que, claro, concordaram com a aquisição.

O molde foi feito e confiado a uma pessoa fora da indústria que concordou em produzir informalmente as bolas cortadas que nos foi entregue com o pomposo nome de “bolas ortopédicas”.  Algum tempo depois, em uma vivencia que conduzi na clínica de Angela Beatriz Varella no Rio vi que as cariocas se referiam a ela como “tatu”. Adorei e adotei o nome.

Dessa forma, sempre que meus tatus deterioram a mesma pessoa os repõem. Atualmente sei que ele já é encontrado em algumas lojas de material para fisioterapia. Mas queria deixar aqui registrado que a criadora entre nós foi Silvie Böe, na cozinha de minha casa, com uma faca elétrica e as bolas de Rugbi de espuma trazidas de Paris naquele longínquo ano de 1992.

Para saber mais sobre o mesmo assunto acesse