MIOGELOSE

 

Nódulos doloridos são palpáveis especialmente nos músculos da região dorsal inferior e, em menor frequência, na região cervical e cintura escapular. São citados desde o inicio do século XX. Em 1919 Shade (1), um médico alemão, examinou nódulos em soldados durante a primeira guerra mundial. Observou que continuavam presentes mesmo quando o indivíduo era anestesiado e também em indivíduos mortos até que se estabelecesse o rigor mortis. Concluiu que não poderiam, então, ser resultado de espasmo muscular. Ao exame histológico encontrou tecido muscular normal, o que excluía a hipótese de alterações estruturais do tecido. Sugeriu que deveriam ser resultantes de uma alteração do estado coloidal do citoplasma do músculo de solução para gel e por essa razão denominou esses nódulos doloridos palpáveis miogeloses.

Brendstrup et al. em 1957 (2) retirou material de nódulos palpáveis em músculos para vertebrais e dos músculos para vertebrais contralaterais normais de indivíduos submetidos a cirurgias por prolapsos de discos intervertebrais. Através de coloração e observação microscópica verificaram que havia muito edema intersticial com a presença de mucopolisacarídeos ácidos, acumulo de mastócitos e a análise bioquímica revelou presença de ácido hialurônico nos tecidos retirados do nódulo, o que não ocorria no tecido retirado do músculo contralateral. O ácido hialurônico tem uma forte capacidade de ligação com água, o que devia fazer com que o conteúdo extracelular dos nódulos fosse maior.

Kohlrausch (3) um dos pioneiros, junto à E. Dicke e H. Teirich-Leube, das pesquisas sobre zonas reflexas do tecido conjuntivo, pesquisou também as zonas reflexas musculares e por essa razão refere-se em seus escritos à miogeloses, que ele considera uma transformação orgânica da miofobrila.

Nas zonas reflexas musculares há aumento do tônus. Através de eletromiografia determinou que nelas há multiplicação dos potenciais de ação em relação ao músculo em repouso. Segundo Schafer(4) em repouso não há mais que uma fibra entre mil em ação. A hipertonia multiplica essa cifra. Nessa mesma pesquisa eletromiografica comprovou que dentro dessa miogelose não há corrente de ação. No entanto, acima e abaixo dela os potenciais de ação encontram-se aumentados.

Segundo Kohlrauch a miogelose evolui para fibrose. O primeiro estágio evolutivo é uma zona de infiltração macia que evolui para um estágio mais denso de “pré-esclerose” e finalmente transforma-se em um tecido fibroso.

Essa é uma estrutura que ocorre no interior do músculo e com frequência é associada à zona reflexa muscular. Kohlrausch afirma que por amassamento forte ela se transforma e chega a desaparecer, mas não desaparece com o tratamento de zona reflexa do tecido conjuntivo que eventualmente esteja na camada superficial do local onde ela ocorre. Tem que ser tratada mesmo por amassamento profundo.

REFERENCIAS

  1. Shade, H. Beitragezur Umgrenzung and Klarung einer Lehre von der Erkaltung. Zeitschrift Geselshaft Experimentaler Medizin 7: 275-303
  2. Brendstrup, P. and al. Morphological and chemical connective tissue changes in fibrositic nodules. Annals of Rheumatic diseases 16: 438-440
  3. Kohlrausch, W. Masaje muscular de las zonas reflejas. Versión española de la 2ª edición francesa por J. José del Pozo Toray –Masson, S. A. Brcelona , 1968
  4. Schafer, H. Comunicaciones escritas. _ Physiologie électrique. Deuticke, Viena, 1940

 

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