SHERRINGTON

Charles Scott Sherrington nasceu em Londres em 1857 e morreu em Eastbourne, aos 94 anos em 1952.

Suas experiências estabeleceram as bases do conhecimento sobre o sistema nervoso:

  1. Estabeleceu a lei sobre inervação recíproca (denominada de Sherrington): sempre que um músculo se contrai há inibição de unidades motoras do músculo antagonista.
  2. Estabeleceu a noção de “via final comum” – para a execução de todos os movimentos, sejam eles voluntários, automáticos ou reflexos, a via de passagem do estímulo nervoso é sempre a mesma, os neurônios motores do corno anterior da medula.
  3. Criou a palavra “sinapse” para designar o ponto de conexão entre neurônios, até então um conceito hipotético. Um de seus alunos, o australiano John Eccles, obteve o Premio Nobel por trabalhos consagrados exatamente à sinapse.
  4. Também pesquisou propriocepção, algo tão inédito até então, que foi ele o criador do termo propriocepção, para designar a capacidade corporal de percepção de sua

orientação e posicionamento no espaço.

  1. Descobriu (em 1906) os nociceptores, as terminações nervosas subcutâneas que alertam para a dor.
  2. Fez inúmeras experiências sobre controle postural.
  3. Foi autor de um livro revolucionário The Integrative Action of the Nervous System de fundamental importância para o entendimento da neurologia moderna.

Não é de admirar, portanto, que seja considerado o patriarca do sistema nervoso central. Foi agraciado com o prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1932, juntamente com Edgar Douglas Adrian, por suas descobertas sobre as funções dos neurônios.

Mas seu interesse não se restringia à neurologia. Em 1885 foi para a Espanha estudar cólera, durante uma epidemia. Formou-se em técnicas de bacteriologia e histologia junto a Robert Koch, com quem estudou durante outra epidemia de cólera em Berlin. Koch, por sua vez, foi um médico alemão, muito conhecido por descobrir a bactéria responsável pela tuberculose e que leva seu nome “bacilo de Koch”. É um dos fundadores da bacteriologia e seus trabalhos relativos à tuberculose lhe rendeu o prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1905.

Lecionou na Universidade de Liverpool e na universidade de Oxford. Entre seus alunos pode-se citar o neurologista canadense Wilder Penfield (do homúnculo de Penfield, lembram?); Howard Florey, ganhador de um premio Nobel por seus trabalhos no desenvolvimento da penicilina e Harvey Cushing eminente neurocirurgião americano.

Em 1924 publicou um livro de poesia, que recebeu excelente crítica.

Foi presidente da Royal Society, recebeu títulos reais, foi benfeitor de museus e bibliotecas, bibliófilo dedicado, com uma coleção de livros raros. Escreveu aos 83 anos um best seller – O homem em sua natureza, que teve várias reedições e foi eleito um dos cem melhores livros britânicos modernos. Nele aparece a expressão “tear encantado”, como metáfora para a mente.

Fora da área médica foi quase esquecido por completo e mesmo dentro dela, talvez não seja citado com a frequência que mereceria.

 

 

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